Num paradoxo de significados, revolução além de representar a marcha circular e invariável de corpos celestes no espaço , passa também a determinar o movimento das transformações, das reformas, das perturbações “morais” e indignações de corpos agora humanos, numa tentativa radical de alcançar a libertação do corpo, alma e espírito.
O período chamado de “a era das revoluções” que compreende a Revolução inglesa , francesa, industrial – é o reflexo da manifestação pela busca da identidade humana e individual, bem como o progresso e o destino da humanidade, temas proibidos e subtraídos durante vários séculos em função do domínio religioso da Idade Média.
Durante o período medieval, a religião suplantou a existência da filosofia, arte e política da antiguidade, criando uma atmosfera de domínio total em relação ao homem e sua existência na terra. Porém, as manifestações da consciência racional, onde o ser apesar do jugo deseja algo além do que o que lhe é permitido, proporcionou o surgimento de movimentos renascentistas e iluministas, ambos de cunho liberal, racional e humanista.
Mas o interessante é que estes movimentos apesar de expressar a busca pela liberdade e melhores condições humanas de sobrevivência, não tiveram representação simbólica e considerável no meio em que estes fatores são imprescindíveis, e sim, na nova classe média que surgia materialista, mecanicista, utilitária, burguesa. Movimentos como o Renascimento italiano, o Iluminismo Francês foram movimentos de caráter elitista - percebe-se pela influência destes movimentos aqui nas Américas, os ideais de liberdade condicionada a uma determinada camada da população, refletidos em ideais libertários que excluíram ou fizeram ascepção à negros e índios.
NO caso Europeu, a influência direta gerou o monopólio da arte em todos os seus aspectos, legando o privilégio da apreciação de obras fantásticas a uma camada ínfima e detentora de algum tipo de poder, seja ele religioso ou econômico. No caso do Iluminismo, três filósofos representantes – Voltaire, Montesquieu e Rousseau – cada qual defendendo suas teses anti-absolutistas, convergiam todos ao Liberalismo, seja ele republicano ou monárquico, mas liberal – ou seja, a burguesia estaria em quaisquer das hipóteses, garantida.
Expansão marítima e comercial, o Renascimento na Itália, a Reforma Religiosa, o Iluminismo na França, todos tiveram sua origem na contestação a uma ordem que limitava os poderes da burguesia, que em ascenção e a meu ver muito bem articulada, conseguiu unir em discursos e idéias a demanda real de melhoria nas condições de sobrevivência das classes inferiores , à oportuna e nada menos “necessária” consolidação do poder econômico e político com o objetivo do progresso e evolução da humanidade – ou seja – o sistema capitalista.
E o mais impressionante de tudo, é que após séculos desta empreitada, os discursos não mudaram...e a classe burguesa (hoje muito mais econômica e política que nunca ) aumenta continuamente seu poder em detrimento da classe servil, numa harmonia assustadoramente passiva, onde até mesmo as revoluções tornaram-se coisas do passado, sendo estereotipadas em nome do tal desenvolvimento e agora tão aclamada globalização.
O fato é que, tais revoluções trouxeram transformações inegáveis... mudaram mentalidades, redescobriram a arte, as ciências, a filosofia... só não conseguiram abrir mão do monopólio dos objetivos revolucionários, pois por mais transformações que ocorram,pouco muda em relação aos da base e apenas uma determinada classe é no final, privilegiada. Os da base, no máximo, conseguem alguma mobilidade social, às custas de muito trabalho, exploração e resignação .
Perfeito, muito bom !
ResponderExcluirobrigada companheiro!!! cê sabe né...nem preciso falar...rsrs
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