É... eu poderia comentar sobre o efeito estufa, sobre a falta de prevenção contra acidentes naturais nas cidades inundadas do Rio, São Paulo e Minas...poderia falar da omissão dos governantes locais em relação à investimentos na área de prevenção...enfim...poderia falar mais do mesmo. Mas tô cansada de ler sobre isso e de comentar sobre isso também.
Vejo a comoção das pessoas em relação a situação caótica em que se encontram as vítimas da tragédia... vejo os mutirões de solidariedade nas grandes cidades, enviando roupas, comida, água àqueles que encontram-se sem “chão”, propriamente dito.
E analisando tudo isso, como expectadora, já que não estou participando de nenhum destes mutirões, tão pouco me ofereci como voluntária para organizá-los (por motivos que não vêm ao caso), compreendo a ótica do ser humano em relação ao mundo, ao outro e à eles mesmos, no que diz respeito à sobrevivência neste planeta...
Todos nós, no fundo... esperamos por isso, por tragédias como esta, por este fim desde o dia em que nascemos. E à medida em que crescemos, vamos entendendo como é que funcionam as estruturas tanto políticas, econômicas e sociais...dentro do nosso espaço. Mesmo aqueles que são considerados “ignorantes”, “incultos”, “alienados”... todos, absolutamente todos nós, desde a criança ao idoso, sabemos como funcionam estas estruturas. Maldizemos a injustiça, a falta de recursos aos mais necessitados, a abastança de pessoas que não se preocupam com quem está na base ou à margem da pirâmide social... maldizemos os governantes, reconhecemos o individualismo , a exploração, a concorrência desleal, a ganância e tudo de ruim que este sistema nos oferece... Muitos de nós nos revoltamos (mesmo que não tenhamos reações ou que façamos parte de alguma rebelião), estamos sempre com aquele “senso comum” de justiça em relação à injustiça no mundo.
Mas, em uma situação como esta que está ocorrendo no Brasil, aprendemos algo ainda mais valioso com a vida. Aprendemos determinadas tragédias, não escolhem classe social, cor, estilo de vida, situação econômica...
Eu vejo nesta tragédia o sentido maior de igualdade e democracia.
Falar em democracia em um momento como este, dá uma conotação de ironia, ou até mesmo inconveniência...mas não posso deixar passar de liso uma situação tão original que fundamenta acima de todos os regimes, sistemas, ideologias... esta palavrinha tão citada, tão aclamada, tão idolatrada ou por outro lado, tão preterida e amaldiçoada por tantos em todo o mundo...
A tragédia é o sinônimo mais original da democracia. E é neste momento em que o pobre, o rico, o preto, o branco, o amarelo, o azul...enfim... todos os seres humanos com um resquício de sanidade, entendem que tudo,absolutamente tudo no mundo... é nada. E que diante da morte, da tragédia, do caos... não há como não se enxergar pequeno, miúdo... insignificante... caem as máscaras e a consternação maior não é nem pelas vítimas, pelas mortes ou pela situação dos semelhantes... a consternação maior é de que entendemos finalmente que somos todos iguais...
"A tragédia é o sinônimo mais original da democracia. E é neste momento em que o pobre, o rico, o preto, o branco, o amarelo, o azul...enfim... todos os seres humanos com um resquício de sanidade, entendem que tudo,absolutamente tudo no mundo... é nada. E que diante da morte, da tragédia, do caos... não há como não se enxergar pequeno, miúdo... insignificante... caem as máscaras e a consternação maior não é nem pelas vítimas, pelas mortes ou pela situação dos semelhantes... a consternação maior é de que entendemos finalmente que somos todos iguais..."
ResponderExcluirBrilhante!
Marcinha...sempre que puder, passarei por aqui!
Miro
Obrigada Miro! vc sabe o quanto sua opinião é importante pra mim!!!
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