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terça-feira, 24 de setembro de 2013

"A história da evolução tecnológica - conflitos e transformações nas sociedades humanas"

A descoberta do Fogo:


 Há aproximadamente 2 milhões de anos, nossos antepassados que viviam na África, não possuíam sequer um resquício da modernidade que hoje nos cerca de todos os lados. Desde a alimentação à vestimenta, os recursos disponíveis eram extremamente primitivos.  Moravam em cavernas, alimentavam-se de frutas, que se esgotando, os obrigava a deslocar-se por  longas distâncias.
Mas o tempo passou e com ele, as necessidades e demandas doa grupos de homens primitivos aumentaram, ao mesmo tempo  em que se reproduziam. O cérebro cresceu, e com ele as habilidades com as mãos, a fala, a linguagem.
A partir de então, a evolução tecnológica tem sido uma constante em nossa existência, paralela às demandas que surgem por novas necessidades e por consequência, novas formas de suprir estas necessidades através de invenções e novas descobertas.
O fogo pode ser considerado um marco na evolução tecnológica. Foi a partir de sua descoberta que ocorreu maior aproveitamento de recursos naturais que precisam de calor para serem úteis.

Mas como produzir o fogo? Até então o homem primitivo dependia de ações da natureza, como tempestades de raios, por exemplo. Mas através do desenvolvimento da inteligência e observação, descobriram outras formas de produzi-lo, como batendo uma pedra em outra até que se soltassem faíscas, ou friccionando gravetos secos sobre palhas. Era a evolução tecnológica. Com o fogo, o homem poderia iluminar sua caverna, cozinhar seus alimentos e aquecer-se do frio durante a noite, afastar de si feras famintas.

Mas com o tempo, o fogo promoveu outras evoluções tecnológicas, não se limitando apenas ao cotidiano.
A idéia do combustível foi ganhando espaço através do tratamento de recursos naturais como argila para a produção de cerâmica, a queima de madeira para a produção do carvão, a fornalha (8000 a.c) utilizada para forjar metal e criar armas... as ligas como o bronze, o ferro e o aço  (1.400 a.c).
Mas muito mais importante que aproveitamento destes recursos, são as transformações que esta evolução promoveu nas sociedades humanas.

A Revolução Agrícola:
       Civilizações, tribos, povos, sociedades, religião e astronomia


A Revolução Agrícola, ocorrida há mais ou menos 8000 a.c, na região de Jericó, atual Cisjordânia, é outro marco na história da  evolução tecnológica e que  transformou radicalmente o modo de vida de nômades, que viviam da caça e coleta de cereais que encontravam em seu caminho. Foi a partir dela que o homem de Jericó começou a fundamentar os conceitos de sociedade.
 Pintura rupestre de uma cena cotidiana com gado no Neolítico, em Tassili n’Ajjer (Argélia).
Deixando de habitar em cavernas para habitar em casas de tijolos de barro (aquecidos pelo fogo), passaram a cultivar trigo e cevada em pequenas extensões de terra. A história conta que cavavam com as mãos as covas para inserir as sementes e para colheita, utilizavam facões e foices rudimentares, inventadas para este fim e para outros tantos quantos fossem úteis. Era a necessidade a mãe da tecnologia.
Fixando-se em terras cultiváveis, passaram a criar animais domésticos, formando uma sociedade mais sólida. E à medida  que evoluíam e em virtude do crescimento demográfico ocorreu a necessidade de expandir-se para outros territórios, com novas terras e assim, espalharam nossa espécie pelo mundo de acordo com as habilidades, afinidades,  fazendo surgir   o conceito de culturas, tribos, territórios.
Em aproximadamente 7000 ac no mediterrâneo (Grécia e Sérvia), plantava-se e criavam-se ovelhas e gados.
Na China, eclodia o arroz. Na Mesoamérica, o milho. No oriente, o trigo. 
Mas florestas densas cobriam aproximadamente 80% da Europa. O que era considerado um entrave na evolução destas ocupações, gerando concentração de povoamentos em pequenas regiões.  Para arrancar as árvores, machados de pedras não mais serviam para os agricultores quando se deparavam com estas florestas de matas impenetráveis.
A ferramenta que tinham, por ainda não conhecer o ferro, era um pedaço de pau com a extremidade afiada aquecida pelo fogo. Então por muito tempo, se limitaram à criação de gado e pequenas plantações de sementes.
Mas o tempo passou e descobriram o cobre, depois o estanho e a união destes, o cobre, aproximadamente 3000 ac. A descoberta deste metal também foi um marco na evolução tecnológica, pois aquecendo o bronze e fundindo-o em fornalhas domésticas, criaram machados com lâminas, facas de gume, flechas e outras ferramentas úteis desde a derrubada de florestas até a fabricação de armas de guerra.
Por se fixar na terra o homem evoluiu suas habilidades e a sociedade formada já contava com especialistas fabricantes de tijolos, pedreiros, padeiros, fabricantes de cervejas, cuidadores de celeiros, caçadores, tecelões, fundidores, ferreiros, enfim, uma infinidade de profissões que aos poucos, transformaram pequenos vilarejos em grandes cidades.
Pesquisas alegam que na época de Cristo, a população mundial já contava com 300 milhões de habitantes. Reflexo da evolução tecnológica.
E o crescimento desordenado em função desta evolução, às vezes era contido por epidemias, doenças que dizimavam grande parte da população. Mas também existia uma forma de organização política, em algumas civilizações, que também eram úteis para conter o crescimento destas populações. Era o sacrifício humano, que através da religião, se expressou como forma de controle político, espiritual e ideológico. A religião simbolizava a vitória contra os inimigos, a fartura, a paz, o braço de Deus ou de deuses envolto em determinada civilização.
E como chegaram à religião? Com a evolução o homem adquiriu conhecimento e passou a admirar o universo e toda sua magnitude. Atribuir a quem tanta maravilha? Quem poderia ter criado o homem e o universo? Somente Deus ou deuses seria capaz de criar tanta perfeição.
Mas, o céu, prateado de estrelas, o mistério da lua e o sol, a diversidade dos climas, aguçaram a curiosidade humana além da religião e promoveram a evolução da astronomia.
Com a astronomia, criaram calendários, com a escrita ideográfica, criaram leis, com armas fizeram guerras e com guerras, criaram mundos diferentes, sociedades diferentes, línguas diferentes, culturas e religiões diversas, formando o chamado “mundo”.
E a evolução nunca parou  e o homem, sempre atendendo suas novas necessidades, buscou através de inventos e descobertas, supri-las de qualquer maneira. 
             Submersos na religião que dominava política, econômica, social e espiritualmente todo o ocidente após a queda do Império Romano no século V d.c., durante mais de dez séculos, a evolução tecnológica caminhou lentamente, sobretudo voltada para o desenvolvimento de instrumentos de tortura e morte contra os “hereges” que ameaçavam o poder temporal com suas idéias subversivas e todas como diabólicas pela Igreja Cristã. O mundo ocidental se viu nas sombras

“Limpeza da alma “http://www.alpheratz.org/inquisicao/index1.php?page=m2_4

Mas, ao passo que o ocidente estava mergulhado nas sombras, a Ásia continuava caminhando, com tecnologias avançadas, vendendo produtos raros e caros, através de mercadores genovezes e venezianos, os quais atravessavam o mediterrâneo para alcançar as índias e suas especiarias, a China e sua seda.
Percebe-se então, que a evolução tecnológica caminhava de acordo com o contexto, a região, os costumes e religiões os quais, ditavam as prioridades destes povos.
Por fim, a  evolução tecnológica sempre foi responsável pela transformação do modo de vida das sociedades humanas.

A Expansão Marítima:

Já no final do século XV, a necessidade dos povos ocidentais estava voltada para a descoberta de novos mundos, novas formas de acumular riquezas, pois os desgaste de suas terras, assoladas pelo uso constante e indiscriminado, afetara colheitas, causando escassez de alimentos, o qual aliado a epidemias devastadoras, forçaram sistematicamente a busca por novos horizontes.
Atravessaram o Atlântico em busca das Índias, numa rota alternativa que não colidisse com os árabes islâmicos que dominara o mediterrâneo.
Encontraram as Américas, terra farta de riquezas, natureza exuberante e povos estranhos, tidos como inferiores e,  portanto, ideais para a exploração de mão de obra escrava, mascarada por um ideal religioso que nada mais era que uma justificativa para a extensão do domínio do Cristianismo, agora ameaçado pela nova religião Islâmica dos árabes.
Mas para alcançar o outro lado do Atlântico, desenvolveram tecnologias náuticas, construíram embarcações proeminentes, tudo a serviço da empreitada marítima que os levaria a um novo mundo, diferente do já velho e esgotado mundo em que viviam.

 “caravelas” – conhecimento científico na época do descobrimento das Américas - http://periscopio.bligoo.com.br/conhecimento-cientifico-na-epoca-do-descobrimento-do-brasil

E a busca não pára e no início do século  XVI, após a descoberta das Américas, um polonês descobre que o  Sol é o centro do Universo! Nicolau Copérnico, desafiando a religião cristã que pregava ser a terra o centro do universo, inaugura o início do surgimento de frentes científicas, as quais através da observação da natureza, tiram dela conclusões e avançam rumo à retomada da evolução tecnológica. É a saída das sombras rumo às luzes.

Revolução científica +  Iluminismo = Revolução Industrial
       Guerra Fria e o Avanço Tecnológico.

No final do século XVIII, ocorre mais um marco na evolução tecnológica. Após a revolução científica que ocorreu do século XVI ao XVII, e  o movimento  Iluminismo no início do século XVIII, culminou na primeira  Revolução Industrial, tendo como pioneiro a  Inglaterra,  no final deste século.

O modo de produção até então era a manufatura. Do início ao fim da criação de seu produto, o trabalhador participava de cada detalhe, com instrumentos simples e máquinas modestas. Desde a busca por matéria prima, passando pela produção até a comercialização, tudo era feito pelo trabalhador, que o fazia em casa ou em oficinas, dominando todas as etapas deste processo de produção.
Mas no final do século XVIII, tudo mudou e a Revolução Industrial, fruto de descobertas científicas e invenções de máquinas, como a máquina a vapor por exemplo, mudou totalmente os modos de produção e relações de trabalho.
 A descoberta do carvão como fonte de energia para alimentação de máquinas a vapor e a locomotiva como meio de transporte, revolucionou sistematicamente o modo de vida e a forma de produção. De artesanal, manufaturado, à industrial, sistemático, ágil, em larga escala. O trabalhador se afasta do produto de seu trabalho, aliena-se.
E os costumes, o consumo, a cultura, as idéias da sociedade agora industrializada?  A demanda por produtos industrializados cresceu junto com as fábricas e a alienação, a separação  do trabalhador do fruto do seu trabalho também.           E o surgimento de tantas ideologias? De tantas relações de trabalho, sociedade e consumo? E o crescimento desordenado dos grandes centros urbanos? 
A partir da Revolução Industrial, o comportamento humano transformou-se completamente. As demandas mudaram. A exploração do homem pelo homem virou prioridade, através de movimentos frenéticos em busca de mercados de consumo, mão de obra barata e consequentemente acumulação de riquezas. 
Trabalhadores foram substituídos por máquinas (maquinofatura),quando não, tornaram-se empregados de patrões que agora, passam a deter o lucro.

 A sociedade agora mais que nunca, divide-se em classes, surgindo então lutas entre estas classes. Trabalhadores de um lado, patrões do outro, ideologias que marcaram o surgimento de vários tipos de organizações. Consolidou-se no mundo ocidental o sistema capitalista contrapondo o socialismo e o comunismo oriental.
E ainda, no plano internacional,  a evolução tecnológica impulsionou a corrida por mercados de consumo para os produtos industrializados, acirrando a disputa entre nações industrializadas e consequentemente, culminando em guerras.
A evolução tecnológica favoreceu corridas armamentistas entre nações imperialistas, em contextos expansionistas como o que precedeu a primeira guerra mundial.

E a corrida armamentista, que  no início do século XX, regida por interesses imperialistas,  consolidou a  “indústria da morte” produzindo  armas e mais armas, numa disputa impar envolvendo interesses políticos e econômicos antes dos militares.



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No campo ideológico, fomentaram a militarização da sociedade em nome de um nacionalismo extremado,  imposto até em escolas, numa tentativa de manter afastado o perigo do internacionalismo ideológico, o qual colocaria em xeque a sociedade burguesa que levou tanto tempo pra se consolidar como classe oficialmente dominante naquele cenário.
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E o ódio, a xenofobia, o racismo, tantos outros sentimentos e comportamentos mesquinhos foram incentivados abertamente, pela política imperialista à sociedade dita “cristã” e “civilizada”, eclodindo em  Grandes Guerras e conflitos intermináveis que arrasaram nações inteiras.

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Em  em nome do lucro financeiro  e também por dominação política  , a indústria da morte do início do século XX,  ganhou espaço, respeito e até mesmo uma certa admiração por parte da sociedade “de bem”   e mais, tornou-se necessidade de primeira linha, levando às duas maiores guerras do planeta.
 Por fim, expansão territorial, corrida armamentista, disputa por mercado consumidor, surgimento de regimes totalitários no ocidente, dicotomia ideológica que influenciou regimes ditadores e autoritários na América Latina, estes e outra série de eventos históricos, marcaram períodos que precederam e sucederam às grandes e terríveis
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O saldo foi de milhares de mortos, feridos, mutilados, miseráveis, sem pátria, sem dignidade. Países inteiros arrasados, além de anos e anos de uma massante disputa ideológica entre duas nações que comandaram o cenário mundial sob ameaças de “fim do mundo”.
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 Após a segunda guerra, o período da guerra fria, favoreceu a evolução de tecnologias avançadíssimas ao passo que as duas grandes potências mundiais, Estados Unidos e URSS, rivalizando-se em terra, rivalizaram-se também no espaço, promovendo até mesmo a chegada do homem à lua (fato discutível até hoje se real ou fraude ) mas que representou uma guerra travada  entre dois blocos –capitalistas e socialistas – e que ironicamente, aproveitaram até mesmo cientistas alemães nazistas para o incremento desta empreitada e que diga-se de  passagem, nos contemplou com a internet, o boom do milênio, já no final dos anos 90, século XX.
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Tecnologia contemporânea
O mundo moderno e globalizado  x  a inovação tecnológica 

             Mas tecnologia não significou só mudanças trágicas e malévolas.
Grande parte dos  inventos, principalmente do século XIX até nosso século, foram de grande utilidade atendendo grande necessidade.  
Ainda no século XV, a imprensa foi mais um marco na  evolução tecnológica,  do ponto de vista intelectual também. Antes dela, o conhecimento era limitado à líderes religiosos, políticos e a manipulação das informações era um instrumento de grande poder, o que dominava as massas e as fazia subservientes, por falta de conhecimento. Mas com as máquinas gráficas de reprodução impressa, tudo se transforma e a possibilidade de conhecimento deixa de ser monopólio de tão poucos.
A partir da imprensa, as idéias e a consciência se formaram por novos conceitos, permitindo o acesso de grande parte da população à questões que antes lhes eram limitadas e restritas em relação a religião, política, sociedade, ciência.
Caminhando mais adiante,  na metade do século XIX, cientistas alemães, ingleses e italianos, se interessaram por teorias que provavam a existência de ondas eletromagnéticas. E  no final daquele século, a industrialização de equipamentos radiotelegráficos já era uma realidade.

Mas um dos inventos mais interessantes foi sem dúvida a televisão. Um sistema de reprodução de imagens e som, instantâneos. É sem sombra de dúvida, um dos aparelhos mais utilizados pela sociedade humana. Toda casa, independente das condições sociais e econômicas, quase que por regra, possui uma televisão.

 Tudosobrefreigaspar.blogspot.com

E o comportamento das famílias, seu modo de vida, suas prioridades, seus anseios, suas expectativas, mudaram radicalmente após este invento. As principais informações, os entretenimentos, as notícias de modo geral, chegam de forma instantânea e podemos assistir em tempo real uma guerra no Oriente Médio, um casamento real na Inglaterra ou uma posse de algum presidente.
Também temos uma vitrine disponível de produtos industrializados, de todas as origens e marcas, aguçando nossas “necessidades” além de nossas reais demandas. Não consigo imaginar como o homem primitivo conseguiu sobreviver sem a televisão. Mas sei que até pouco tempo, caminhávamos nos finais de tarde, conversávamos das janelas das casas ou nas calçadas ou simplesmente líamos um livro até o pôr do sol. Mas hoje, temos as novelas em horários “nobres”, temos os telejornais, temos a televisão. E nosso passeio, nossas caminhadas, nossas conversas, perderam gradativamente seu espaço. Conseqüência do impacto tecnológico.
Mas existe um campo que nitidamente promoveu  impacto muito mais benéfico que todos os outros inventos tecnológicos citados anteriormente. É o campo da saúde aliado à tecnologia

Sabemos que várias epidemias dizimaram milhares de pessoas ao longo de nossa história.  Desde sua descoberta por observação até a produção em larga escala, os benefícios das vacinas contra bactérias e vírus que atormentaram por séculos os humanos e também os animais, é sem sombra de dúvida, um dos maiores benefícios trazidos pela evolução tecnológica. Neste campo, podemos citar os aparelhos radiológicos, que auxiliam na descoberta de doenças incuráveis como o câncer e outros tantos equipamentos que hoje são de extrema necessidade para o tratamento de vários tipos de doenças e descobertas de novas vacinas e medicamentos.  Não podemos esquecer da biotecnologia, que utiliza conhecimentos científicos, tecnológicos com objetivo de melhorar a produção agrícola e a qualidade da alimentação.

E a produção de energia elétrica? Para a utilização de todos estes equipamentos citados anteriormente, a energia elétrica é imprescindível. E as fontes  para a obtenção desta energia, são  também um marco na história da evolução tecnológica. Hidrelétricas, termelétricas, usinas nucleares, energia eólica, enfim, a tecnologia aliada à recursos naturais, que produzem a  energia que hoje se tornou imprescindível para o funcionamento de tantos aparelhos. Hoje, sem energia elétrica, estaríamos mergulhados no caos.

Nossa estrutura familiar, nosso cotidiano, nossos conceitos, valores morais, éticos, nossa visão de sociedade e mundo estão legitimamente ligados à evolução tecnológica. Foram fundamentados ao longo de nossa história e tudo o que conhecemos hoje, tudo o que somos ou o que nos tornamos, é fruto direto desta evolução.  Pois o conhecimento, as descobertas, as consciências críticas que fundamentaram a evolução de ontem, hoje estão fundamentados na tecnologia. Sem ela - a tecnologia, estaríamos perdidos. Ocorreu uma inversão? 
 Hoje, simultaneamente, nos comunicamos em tempo real com qualquer parte do mundo.
A chamada globalização, advento que transformou a vida da população mundial, último marco da evolução tecnológica na era contemporânea, é o maior exemplo de como a tecnologia  é capaz de superar a si mesma, sob a égide da “ satisfação das necessidades  e das demandas  do homem. 

Com o advento da internet  na década de 90, a globalização avançou assustadoramente, em forma de tecnologia  que além de ligar o mundo inteiro em tempo real, definiu a nova forma de capitalismo, aquela que cresceu na década de 70 , sob a égide do “capital especulativo”. Tornou-se fácil demais manipular remessas absurdas de dinheiro de um país a outro, num piscar de olhos, melhor, num clicar de mouse ou num teclar de dedos.

Ainda, no final da década de 80, com o fim do socialismo soviético, surge o neoliberalismo ou globalização e com ele a substituição das utopias humanistas pelo consumismo desenfreado, representado pelo pragmatismo político e econômico. Surgem Blocos Econômicos, compostos por países que possuem afinidade cultural mais acentuada e passam a cooperar entre si, formando bases internacionais.  

E com a nova ordem, aumentam-se as desigualdades sociais e a concentração de riquezas dos países ricos.

Nesta nova ordem, de uma política Mundial Multipolar e Multicivilizacional, a capacidade de evolução tecnológica é quem define as posições no jogo econômico mundial. Geralmente, os países mais industrializados é  que detém as mais avançadas tecnologias e por isto, são mais competitivos  neste mercado.

O Brasil por exemplo, país em desenvolvimento, uma das dez maiores economias do mundo, possui matéria prima raríssima (17 minerais)  e imprescindível para a produção de aparelhos de alta tecnologia, porém, por não acompanhar a evolução tecnológica dos países desenvolvidos, exporta sua matéria prima e adquire os produtos já industrializados.  Não há investimentos em inovação tecnológica e os maiores recursos destinados a este fim, são públicos e por isto, a quota fica bem aquém daqueles países desenvolvidos o que gera grande prejuízo em relação à concorrência externa.

Com a Nova ordem é óbvio que aqueles eventos citados anteriormente e que culminaram nas duas grandes guerras, ganharam novas formas, novas tendências e principalmente, novas retóricas para se justificar o avanço agressivo e sistemático dos líderes mundiais sobre países ditos periféricos, ou aqueles que ameacem de alguma forma a plena política imperialista dos “grandes”. O imperialismo ganhou, sobretudo, poder e autoridade máxima para determinar quem permanecerá no jogo de mercado,  ou quem será excluído dele. É como se criassem um caderninho de regras as quais obviamente favorecem unilateralmente os grandes líderes, comandados pelo grande líder. Em caso de distorção de regras ou descumprimento, a ordem é atacar.

 Tecnologia e contradições – Invasão tecnológica

Já no campo social, a internet mudou completamente a vida da maioria das pessoas.  Ocorreu uma mudança radical nas civilizações do mundo. De maneira mais contundente no mundo fundamentalista.
Civilizações não ocidentais se viram invadidos pela modernidade através da globalização, tendo sua cultura, religião e tradição desrespeitadas pela nova ordem mundial. E por assim ser, acirraram-se os ânimos entre estas civilizações, as quais vêem na globalização fruto do neoliberalismo, o motivo maior de todas as suas mazelas econômicas e sociais. Através da religião, os radicais fundamentalistas expressam seu profundo descontentamento à nova ordem, a qual impera política e economicamente em praticamente todas as civilizações do mundo. Intensificam-se atentados terroristas em países ocidentais, além de um crescente aumento do poderio militar e bélico de nações não ocidentais, com o objetivo de resguardar sua cultura, política, economia e religião as empreitadas globalizantes

Como exemplo das contradições, é comum encontrarmos como reflexos da globalização, fotografias de nativos  com celulares nas mãos onde haveriam flechas, ou pessoas de baixa renda  operando computadores portáteis. Estas imagens traduzem o impacto que a nova ordem proporcionou em todas as civilizações e principalmente, as contradições que nela residem.
Outro fator importante e que deve ser  destacado é o fluxo migratório mundial que é também é um dos impactos desta evolução tecnológica. Um dos fatores responsáveis pelo aumento deste fluxo no mundo foi sem dúvida o fator econômico.
O fluxo de migrantes em países subdesenvolvidos principalmente na década de 70, se intensificou em países desenvolvidos pela grande oferta de trabalho de baixa qualificação e que demandavam grande quantidade de mão de obra barata.   Até então eram “bem vindos”, pois eram economicamente mais viáveis.
Porém, com o advento da globalização a partir da década de 80, ocorreu uma inversão. O fato de multinacionais espalharem-se pelo mundo em busca de mão de obra barata e novos mercados, gerou desigualdade e desemprego nestes países desenvolvidos  e as vagas de baixa qualificação ocupadas por imigrantes de países subdesenvolvidos, já não estavam mais disponíveis pois deviam atender a demanda da população local,   gerando mal estar e situações de risco uma vez que estes imigrantes passaram a ser indesejáveis.  Daí a necessidade de um controle rígido de imigração para garantir a oferta de empregos à população local, evitando o desemprego em massa nos países desenvolvidos.
Na década de 90, já possível traçarmos um novo perfil para o homem Globalizado. Consumidor progressivo e compulsivo, ligado totalmente às inovações tecnológicas e totalmente dependentes delas, principalmente o homem ocidental e americano,  se vêem imersos em um mundo de contradições.

Até mesmo as relações sociais, mudaram-se completamente. Através de redes sociais, o homem globalizado cria um mundo virtual onde as amizades, as conversas, os debates, as ideias, são expostas de maneira comunitária, sem haver necessidade da presença física, conseguindo até mesmo criar vínculos que há algum tempo atrás, só seria possível através de um relacionamento real. Com esta exposição, os limites do público privado perderam o sentido. Através da web, toda a privacidade do cidadão está exposta. E ainda, em muitos países como o Brasil,  por exemplo, não há uma legislação própria suficiente para punir crimes virtuais o que aumenta os conflitos e gera insegurança à maioria dos usuários. 



Mas a inovação tecnológica conseguiu ir muito além de impactos econômicos, políticos ou sociais. Ela alcançou concepções tradicionais e milenares referente ao nascimento, morte e reprodução. Em 1997, cria-se o primeiro clone, na forma de uma ovelha, a partir de uma única célula, o que abre um grande leque de questionamentos morais e éticos.

É a nova civilização mundial. Fruto direto da evolução tecnológica, aliada à ciência e em constante inovação.


Tecnologia e Educação – um desafio para a sala de aula.
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A  evolução tecnológica chegou às salas de aulas. Um desafio e tanto para nossa geração e principalmente, para os profissionais da educação que se vêm em volta às contradições e às reveses de um mundo contemporâneo de ordem neoliberal, globalizado.
Sabemos das dificuldades que recaem sobre o ensino público em nosso país, as disparidades, os recursos escassos e a falta de estrutura que pesam sobre o funcionamento de uma instituição escolar, que também são reflexo direto da nova ordem mundial globalizada.  Mas sabemos também que hoje, com a disponibilidade de informações que temos, podemos desenvolver um trabalho que faça diferença na formação sobretudo humanista destas crianças, adolescentes e jovens.
E em um paradoxo, temos a dificuldade de conciliar tecnologia com ensino, já que na maioria das vezes, a tecnologia representa um entrave em sala de aula. Qual professor já não entrou em conflito com alunos que durante uma aula expositiva, está com seu celular acessando redes sociais, ignorando totalmente a matéria ou a atividade proposta? E muitos alunos, com baixo poder aquisitivo, mas com celular de ponta, vem de uma família já desestruturada, mas não consegue estabelecer um limite de consciência entre o que pode ou deve ser tido como prioridade em sua vida, em função de sua condição. Tudo reflexo é claro, da nova ordem. A ordem do consumismo, da necessidade de estar inserido em um mundo diferente do seu, mesmo que virtual, para que de alguma forma venha suprir as necessidades reais que lhe impedem de viver a vida com o queria, ou como “todos vivem”.
E é aí que entra o professor no mundo da tecnologia, mundo globalizado. O papel do professor não poderá estar limitado à sala de aula, ou ao conteúdo ou até mesmo aos projetos bem intencionados.  Seu papel está em liderar uma busca de conhecimento. Apesar de estar bem à frente em relação a conteúdos, o professor é tão aprendiz quanto o aluno no que diz respeito a dimensão dos movimentos e amplitude das reações e relações consequentes de  um determinado contexto o qual atinge e influencia  direta ou indiretamente na vida de todos, seja ele professor, aluno, porteiro.

Não poderá existir uma linha imaginária que o separe do aluno. Ali em sala de aula, no máximo é um líder que deve fomentar toda a criatividade possível, utilizando todos os recursos cabíveis e ainda,  incentivar o questionamento e a busca por novas possibilidades, levando cada um, com suas peculiaridades ( todas elas ) a enxergar o que até então não se via por falta de direcionamento. É como se fosse um navegador, porém sem um mapa pronto, guiado por seus conhecimentos e instintos,  por suas habilidades e é claro , por sua dedicação e amor à profissão.
E por outro lado, as salas de aula não se limitam a um espaço onde o conhecimento é transmitido sistematicamente, com objetivos pragmáticos pré-definidos.
As transformações no campo da educação são visíveis, e apesar de caminharem a passos lentos no caso do Brasil, por exemplo -  em virtude das políticas educacionais implantadas ao longo de  vários governos, sinaliza urgência em relação a mudanças estruturais que que se consolidem em politicas públicas.

E na era da evolução e principalmente, na era da inovação tecnológica, educar passa a ter um sentido muito amplo, múltiplo, subjetivo e objetivo.  

A personalidade, o caráter humano sendo subjetivo, forma-se continuamente. Por mais que aprendamos, por mais que evoluímos e inovamos, jamais chegaremos ao topo do conhecimento, haverá sempre algo a conhecer, a buscar, a investigar e isto – esta necessidade de aprender, sendo professor ou aluno é imprescindível, ainda mais na era da inovação tecnológica.

Os analistas e especialistas em educação, apesar dos projetos estarem ainda em um nível bem aquém do que deveria e do que realmente necessitamos, estão conseguindo compreender a verdadeira missão que lhe compete, ao questionar as diferenças  e  principalmente, atribuindo-lhes o sentido verdadeiro e não o sentido de desigualdade que era muito utilizado para justificar os péssimos resultados que ao longo dos anos, apresentou a educação em nosso país. E mais, contam com recursos infindáveis, como a informação, por exemplo, que há alguns anos era uma das dificuldades no que se refere o material para estudos, estatísticas, dados referenciais.

Por fim, é fato que a  tecnologia é uma aliada no campo da educação. Pode-se trabalhar o sentido da evolução tecnológica, em suas várias vertentes, seja econômica, social, política, religiosa. Pode-se buscar respostas para as transformações sociais que ocorreram ao longo da evolução e demonstrar a inversão ocorrida ao longo dos anos, onde a necessidade que era a mãe da tecnologia, passa a submeter-se a ela através do fomento do consumo desenfreado. Pode-se incitar alunos a questionarem o hoje: Será que já  esgotamos as possibilidades de avanço tecnológico? Será que, diferente de ontem, as descobertas e invenções são de fato para atender nossa demanda, nossas necessidades? Será que já somos capazes de evoluir com sustentabilidade? São perguntas que ainda não têm respostas claras.

Ainda há muito que evoluir, pois num paradoxo, apesar de tanta evolução, ainda engatinhamos quando o assunto são doenças incuráveis,  genética, física quântica e outras tantas questões que independente dos recursos disponíveis,  ainda estão longe de  serem respondidas ou resolvidas pela tecnologia. 


  Marcia Fernandes 

Referências Bibliográficas:

Fontaine, Joëlle e Arkan Simaan. "A Imagem do Mundo dos Babilônios a Newton" (Companhia das Letras, São Paulo, 2003).
Human Population Through Time. American Museum of Natural History, 4/11/2016
La Forja Genética de Europa. Una Nueva Visión del Pasado de las Poblaciones Humanas (Edicions Universitat de Barcelona, 2018), do geneticista espanhol Carles Lalueza-Fox, professor do Instituto de Biologia Evolutiva (CSIC-UPF) e Les Chemins de la Proto-Histoire. Quand l’Occident s’Éveillait (Odile Jacob, 2017) [Os Caminhos da Proto-História. Quando o Ocidente Despertava] de Jean Guilaine
SOUSA, Rainer Gonçalves. "Período Paleolítico"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/paleolitico.htm. Acesso em 24 de outubro de 2019.
Stuart, David (2003). «La ideología del sacrificio entre los mayas». Arqueología mexicana. XI, 63: 24-29
Surgimento e manutenção do comportamento religioso: Contribuições da Teoria Evolucionista, Estudos de Psicologia, 18(2), abril-junho/2013, 223-229
Wundt, W. (1916). Primitive Man: the beginnings of language; the thinking of primitive man. In: Wilhelm Wundt. Elements of Folk Psychology: outlines of a psychological history of the development of mankind (pp. 53-75). (E. L. Schaub, trad.). Londres: George Allen & Unwin Ltd. (Trabalho original publicado em 1912).         [ Links ]Wundt faz referência nesta primeira frase à noção de sociedade primitiva apresentada na seção precedente, quando aponta algumas instituições e hábitos que constituíram os primórdios da organização social humana.



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