Li recentemente um artigo de Ruy Castro, sobre a atual
modalidade de relacionamentos sociais – as redes. No artigo, muito bem
elaborado, o autor faz menção aos vários convites que recebe diariamente para
fazer parte de redes sociais que ele sequer, sabe como funciona. Chega a ser
intrigante sua postura, já que em pleno século XXI, a nova ordem estabelecida nos
força a fazer parte de um mundo globalizado e multicivilizado, e estabelece a necessidade de estarmos
“ligados” de alguma forma a estas redes, com um número extraordinário de
“amigos virtuais”, reais ou não, mas que
necessariamente passam pelo crivo
cibernético.
Mas o mais interessante no artigo, é que ele questiona
implicitamente o conceito antoissocial do nosso século, pois por senso comum,
alguém que não faz parte da “rede”, pode ser considerado “alienado”,
“bitolado”, “isolado”, “retrógrado” e mais uma variedade de adjetivos que só
alguém que não “curti” a rede, consegue colecionar...
E eu concordo com o Ruy. Como professora principalmente,
percebo a necessidade de revisão destes conceitos. A rede se tornou prioridade
nas relações humanas. Eu por exemplo, a freqüento de cinco a seis vezes por
dia, para “visitar” amigos que nunca vi, mas com os quais tenho “amizades
sólidas”, para compartilhar idéias, divulgar notícias de meu interesse,
publicar fotos interessantes, participar de grupos fechados para discutir
política, educação e por que não... a vida alheia...rs
E o vocabulário? Temos um específico. Aqui mesmo neste
artigo, quando quero dar a entender que estou sorrindo, uso o “rs” que qualquer
cibernético entenderia...mas não o Ruy.
E o que isso tem de ruim? O que tem de bom? De ruim, obviamente,
está na transformação desta sociedade, através das relações artificiais. Até
pouco tempo, tínhamos prazer em encontrarmos amigos reais, dividir nossa
alegria, tristeza... olhar nos olhos e perceber a realidade daquele momento.
Hoje, nossa amizade tem um intermediário, que é o visor, o teclado...a rede.
Não temos mais acesso direto às nossas relações. Não usufruímos mais da
naturalidade do falar, do agir, das feições que se formam a cada reação... e
nos limitamos a copiar vocabulários, idéias. Não temos mais o desejo nem
disposição para pensar diferente do que
foi pensado antes. Temos preguiça para nos relacionarmos. É mais cômodo não
sair de casa... é mais fácil mentir via rede, e mais fácil ainda sumir
também...
Podemos utilizar desculpas como “meu pc estragou”, “não
tenho acessado a rede” e aquele vazio que você deixou por sua ausência é
justificado facilmente.
E de bom? Ah, de bom temos a facilidade de divulgarmos
idéias, de alcançarmos um número infinitamente superior de indivíduos, ao
“compartilharmos” informações. Exemplo é este artigo do Ruy que encontrei na
net e que agora vou compartilhar no face.
Cabe a nós, seres pensantes, estabelecermos limites entre o
real e o virtual. Estabelecermos as diferenças entre relações sociais e relações afetivas.
Antissocial não pode ser considerado quem não está na
“rede”. E sim, quem não tem afeto suficiente para se relacionar com quem quer
que seja, na rede ou fora dela.
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