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domingo, 1 de maio de 2011

AUTOCONHECIMENTO


 

 

"A minha, a nossa luta não é pela inexistência de guerras, mas sim pela paz!"
Eu não sou uma atriz, muito menos uma cantora famosa.
Mas eu sou uma mulher importante!
Eu moro na favela! Moro sim!
Ao lado de uma boca de fumo.                                          
Eu perdi um filho com um tiro de 12. E meu filho estava envolvido com o tráfico de drogas.
Mas isso não me faz diferente de ninguém!
Sei o que é estar com fome e não ter o que comer, e nem a quem pedir, sei o que é ser violentada e ter que ficar em silêncio por não ter a quem recorrer!
Eu vejo a mortalidade infantil, a violência domestica, os crimes contra nossas crianças...
Conheço o preconceito, o racismo, a discriminação, a violência, o tráfico de drogas, e o pior dos tráficos: o tráfico de pessoas...
Já precisei de um medicamento e fiquei horas na fila da farmácia, sob o sol, e sob a chuva aguardando sem ao menos ter a certeza de que quando chegasse minha vez eu fosse receber o medicamento que precisava!
Eu vejo o pobre sendo humilhado, o idoso sendo abandonado e as famílias se distanciando...
Vejo os homossexuais sendo rejeitados por não serem iguais.
Mas eles têm que ser iguais a quem?
Eu sei que incomodo muitas pessoas!
Mas eu não me importo!
Pois se eu incomodo é porque sou importante!
E sou importante porque eu faço a diferença!
E essa diferença pra mim é como respirar, é mais forte do que eu!
Não consigo ser ninguém diferente de mim mesma porque eu sou aquela que vê e convive com a face injusta e inaceitável da nossa sociedade!
Eu sou a criança faminta, sou a Maria, a Ana, a adolescente que está grávida, sou o jovem marginalizado, o deficiente excluído...
Mas eu também sou aquela que luta incansavelmente todos os dias por um mundo melhor e mais justo!
Eu luto porque não aceito “a lei do mais forte”, não aceito as injustiças, e não vou permitir que a preocupação política se limite aos aspectos econômicos e financeiros da nossa comunidade!
Porque eu também faço parte dela!
A minha, a nossa luta não é pela inexistência de guerras, mas sim, pela paz!
Queremos a paz, representada pela dignidade da pessoa humana, pela integração social dos grupos marginalizados, pelo reconhecimento da cidadania e principalmente pela elevação dos excluídos não à condição de objetos, mas sim, de pessoas passiveis de Direitos e Deveres capazes de criarem o seu próprio desenvolvimento.
Eu luto porque eu existo e eu existo pela luta, porque mais grave do que o sofrimento dos famintos é a inconsciência dos fartos!
Eu não sou uma atriz, muito menos uma cantora famosa.
Eu sou uma mulher muito importante!
Eu sou uma mulher da Paz!


Autora: Giovania Monalisa Costa Araujo, integrante do Projeto Mulheres da Paz, em Santa Luzia (MG), que entrou para a equipe do Programa Mediação de Conflitos do NPC Palmital, no último dia 06 de abril, e já chegou deixando o seu recado.

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