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quarta-feira, 25 de maio de 2011

e a questão do desarmamento??



Qual foi o bandido que armou a sociedade????       

Eu fico observando em documentários sobre o desarmamento,  as opiniões de cidadãos comuns, políticos, religiosos, militares...sobre a questão do desarmamento no país. 

Geralmente, os discursos são muito parecidos, no que diz respeito àqueles que são contra o desarmamento. Na maioria das vezes,  a base do questionamento  é aquele jargão “irão desarmar a sociedade de bem e os bandidos continuarão armados”.  É, e aí surgem pessoas como o Bolsonaro, se é que se pode chamar aquilo de pessoa, gritando aos quatro cantos a necessidade de armar a sociedade "contra os bandidos que matam, roubam e atormentam a vida de pessoas de bem, trabalhadores honestos...que se vêem a cada dia mais acuados pela criminalidade".

A gente chega a encher os olhinhos dágua, de tanta consternação quando imaginamos um bandidão apontando a arma para o mocinho...
Mas aí o senso crítico que me é característica peculiar e insistente, me faz enxergar a determinação e ânimo deste tipo de  indivíduo em jogar pra cima da sociedade excluída (aquela que não é considerada de bem ) todo o ônus da criminalidade e do enfrentamento armado entre um e outro. 

Pois é.  Então  resolvo atravessar o Atlântico “à nado” pra recordar o passado não muito distante. Me lembro da corrida armamentista, que  no início do século XX, regida por interesses imperialistas,  consolidou a  “indústria da morte” produzindo  armas e mais armas, numa disputa impar envolvendo interesses políticos e econômicos antes dos militares... 

Fomentaram a militarização da sociedade em nome de um nacionalismo extremado,  imposto ideologicamente até em escolas, numa tentativa de manter afastado o perigo do internacionalismo ideológico ... o qual colocaria em xeque a sociedade burguesa que levou tanto tempo pra se consolidar como classe oficialmente dominante naquele cenário.  

E o ódio, a xenofobia, o racismo, tantos outros sentimentos e comportamentos mesquinhos foram incentivados abertamente, pela política imperialista à sociedade dita “cristã” e “civilizada”,  eclodindo em  Grandes Guerras e conflitos intermináveis que arrasaram nações inteiras... 

Em síntese, a realidade é que  em nome do lucro financeiro , do dindin mesmo...aquele $$$$$$ que é a mola mestra do sistema... e também por dominação política  , a indústria da morte do início do século XX,  ganhou espaço, respeito e até mesmo uma certa admiração por parte da sociedade “de bem” e mais, tornou-se necessidade de primeira linha. 

Voltando agora de canoa, através do Atlântico, eu descobri que as armas brasileiras que estão sendo “caçadas” pelo desarmamento, são de fabricação brasileira. Logo deduzi que aqui não é diferente dosintentos dos imperialistas criadores da indústira da morte. Afinal, as armas estrangeiras, que entram através da fronteira, não chegam a 20% contra 80% das armas nacionais apreendidas  das mãos da sociedade civil. 

E a indústria da morte , aqui do Brasil, continua firme e forte... fabricando armas. 

E o Estado, continua firme e forte, pagando mal seus militares... cedendo-lhes o direito de adquirirem por ano 3 armas para o “trabalho”. E  levando este mesmo militar que ganha mal, na maioria das vezes,  a vender duas de suas armas para a sociedade civil que precisa se “armar” contra o “bandido”. O que é só um dos infinitos meios de se adiquirir uma arma no mercado clandestino.

Mas ainda assim, nos discursos pró armamento, o  bandido continua sendo só aquele que puxa o gatilho. O homem mal que ameaça a “sociedade de bem”... a qual  precisa se “armar” pra se “defender”.

É...esta é a lógica do sistema , esta é a filosofia da indústria da morte...

...acho que vou comprar uma bereta pra mim...afinal... tá cheio de “bandidos” por aí...



sábado, 7 de maio de 2011

quem são os fundamentalistas mesmo??



 

Todos estamos assistindo de cadeira cativa, nos noticiários, a repercussão sobre a morte do homem considerado o maior terrorista da história contemporânea.
Mas quem é Osama Bin Laden? Arnaldo Jabor, fez um comentário sugerindo a possibilidade de que o Paquistão já sabia da presença dele e no entanto, nada fez para “facilitar” a  busca norte americana . 

Citou algo como  “ser impossível” confiar em um país que mata a pedradas seus cidadãos que cometem “erros” ou pecados diante de suas leis fundamentalistas.
Mas o que me chamou atenção, foi a parcialidade da maioria dos ocidentais e ainda , deste ilustre brasileiro, que julgo, deve saber um bocado bom  de História.   

A morte dele é óbvio, significou a vingança pelo  terrível 11 de setembro, mas muito mais que isto, muito mais que desejo de vingança, esta morte, é o símbolo da política  fundamentalista ditada antes por países ditos democráticos e defensores dos direitos civis.
Esta mania de falar de Osama Bin Laden, de Al-Qaeda, associando-a diretamente ao islamismo, é uma estratégia muito eficaz para disseminar a cultura ocidental separatista no que diz respeito a religião.  Ao longo da história,   o cristianismo ocidental praticou esta política, objetivando sobretudo o domínio completo sobre os vários países do continente africano.  
O mundo Islâmico, antes das cruzadas cristãs,  nem de longe era fundamentalista.  Muito pelo contrário, eram tolerantes com a fé alheia e pregavam a paz e o respeito aos seus semelhantes, independente da religião. Eram extremamente inteligentes, conhecedores das ciências, astronomia, medicina...

Por volta do século XI, com a invasão da terra Santa pelos cristãos, o terror foi disseminado no meio da população islâmica, os quais  sofreram massacres de civis, consequência do confronto entre cristãos e islâmicos.  Como não podia deixar de ser, os cristãos empreenderam uma terrível propaganda negativa sobre Maomé ( o que feria de forma moral e espiritual e até mesmo feria  a identidade dos mulçumanos ),  caracterizando-o como charlatão, oportunista, pervertido sexual e outras tantas fofocas religiosas quantas forem possíveis quando o assunto é detonar o inimigo. 

Pois bem. O Islã, se fechou ao ocidente. Buscou se fundamentar em  interpretações violentas do Alcorão, se atendo a vingança e à revanchismos,no que se refere ao ocidente. O islã se militarizou, se fundamentou. 

Por outro lado, no ocidente cristão, devido  às transformações que ocorriam como o Renascimento, Iluminismo enfim, transformações ideológicas que racionalizaram o  pensar, transformaram o ocidente outrora cristão fundamentalista,  em Cristão e laico. A queda do absolutismo, a ascenção do liberalismo, a separação entre Estado e Igreja,  foi um processo inverso ao ocorrido no Islã. Agora, no ocidente, a religião não mais comandava o “pedaço” . No Islã, a religião passou a ditar a vida das pessoas, tanto espiritual, como legal, socialmente.

Foi então que  no século  XIX, a maioria dos países Islâmicos foram dominados por potências européias...interferindo agressivamente novamente, no modo de vida e cultura destas pessoas, que já viam o ocidente como inimigo número 1 do islamismo. Este domínio impôs a absorção por imposição da cultura européia. Foi uma espécie de “nova cruzada”, só que agora, não queriam mais apenas tomar-lhes o território, quiseram sim dominá-los por completo, abrindo ao ocidente através das leis liberais, todas as oportunidades de riqueza e exploração . 

Mas, como sabemos, fracassaram. Não tiveram “a tal competência” para gerir um território islâmico, já que o islamismo, neste ínterim, já era fundamentalista. 

Somando-se a tudo isto, as interferências norte-americanas no Irã por exemplo, durante o regime de Palev, que levou aquele país a extrema pobreza e corrupção, o povo islâmico foi se fundamentando cada vez mais em sua religião, porém com sentimentos de vingança contra os ocidentais, fazendo surgir facções extremistas fundamentalistas, como o Taleban por exemplo, que já foi aliado dos EUA contra os comunistas soviéticos, mas com o objetivo claro e óbvio de se livrar de qualquer interferência externa, tanto que após se livrarem dos russos, resolveram se livrar dos americanos. 

Contudo, os extremistas fundamentalistas são uma minoria no Islã. Porém, suas ações militares são tão agressivas, que repercutem de maneira negativa contra o mundo mulçumano... pois muitos acreditam que todos os islâmicos fundamentalistas, no fundo, são terroristas. 

Mas a realidade é outra. Existem fundamentalistas  democratas. Existem os  liberais. Existem os fundamentalistas ocidentais. 

Percebe-se pelo discurso  de Obama, pelo discurso de Bush por ocasião do 11 de setembro, enfim, pelo discurso de um lado e de outro, tanto da Al-Qaeda quanto da nação européia e norte americana, que o fundamentalismo é a causa de toda esta guerra terrorista que tem acontecido e que podemos assistir de cadeira cativa. 

Mas precisamos ter discernimento,  conhecimento suficiente pra entender que quem anda pintando um lado só de terrorista, perverso, vingativo, praticou e pratica o terrorismo contra nações em nome de uma “democracia” que ficou lá atrás,em 1886 mais precisamente, quando ergueram o presente francês ( a dona estátua da  liberdade) como símbolo da democracia e direitos civis norte americanos...

domingo, 1 de maio de 2011

AUTOCONHECIMENTO


 

 

"A minha, a nossa luta não é pela inexistência de guerras, mas sim pela paz!"
Eu não sou uma atriz, muito menos uma cantora famosa.
Mas eu sou uma mulher importante!
Eu moro na favela! Moro sim!
Ao lado de uma boca de fumo.                                          
Eu perdi um filho com um tiro de 12. E meu filho estava envolvido com o tráfico de drogas.
Mas isso não me faz diferente de ninguém!
Sei o que é estar com fome e não ter o que comer, e nem a quem pedir, sei o que é ser violentada e ter que ficar em silêncio por não ter a quem recorrer!
Eu vejo a mortalidade infantil, a violência domestica, os crimes contra nossas crianças...
Conheço o preconceito, o racismo, a discriminação, a violência, o tráfico de drogas, e o pior dos tráficos: o tráfico de pessoas...
Já precisei de um medicamento e fiquei horas na fila da farmácia, sob o sol, e sob a chuva aguardando sem ao menos ter a certeza de que quando chegasse minha vez eu fosse receber o medicamento que precisava!
Eu vejo o pobre sendo humilhado, o idoso sendo abandonado e as famílias se distanciando...
Vejo os homossexuais sendo rejeitados por não serem iguais.
Mas eles têm que ser iguais a quem?
Eu sei que incomodo muitas pessoas!
Mas eu não me importo!
Pois se eu incomodo é porque sou importante!
E sou importante porque eu faço a diferença!
E essa diferença pra mim é como respirar, é mais forte do que eu!
Não consigo ser ninguém diferente de mim mesma porque eu sou aquela que vê e convive com a face injusta e inaceitável da nossa sociedade!
Eu sou a criança faminta, sou a Maria, a Ana, a adolescente que está grávida, sou o jovem marginalizado, o deficiente excluído...
Mas eu também sou aquela que luta incansavelmente todos os dias por um mundo melhor e mais justo!
Eu luto porque não aceito “a lei do mais forte”, não aceito as injustiças, e não vou permitir que a preocupação política se limite aos aspectos econômicos e financeiros da nossa comunidade!
Porque eu também faço parte dela!
A minha, a nossa luta não é pela inexistência de guerras, mas sim, pela paz!
Queremos a paz, representada pela dignidade da pessoa humana, pela integração social dos grupos marginalizados, pelo reconhecimento da cidadania e principalmente pela elevação dos excluídos não à condição de objetos, mas sim, de pessoas passiveis de Direitos e Deveres capazes de criarem o seu próprio desenvolvimento.
Eu luto porque eu existo e eu existo pela luta, porque mais grave do que o sofrimento dos famintos é a inconsciência dos fartos!
Eu não sou uma atriz, muito menos uma cantora famosa.
Eu sou uma mulher muito importante!
Eu sou uma mulher da Paz!


Autora: Giovania Monalisa Costa Araujo, integrante do Projeto Mulheres da Paz, em Santa Luzia (MG), que entrou para a equipe do Programa Mediação de Conflitos do NPC Palmital, no último dia 06 de abril, e já chegou deixando o seu recado.