pausa pra reflexão...

bem vindo ao meu cantinho...

quinta-feira, 15 de maio de 2025

https://historiacorrente.blogspot.com/2011/10/necessidade-ja-foi-mae-da-tecnologia.html

terça-feira, 13 de maio de 2025

Escala 6 x 1 - A luta e resistência contra a mentalidade colonial escravista.



            



            O mundo do trabalho acompanha a evolução da humanidade. Não é possível falar da humanidade sem mencionar o trabalho como mantenedor da sobrevivência das civilizações. 

            E, ao mencionarmos civilização,  é comum associarmos o desenvolvimento em seus vários aspectos ao sentido semântico do termo.  No entanto, a história demonstra que a formação das civilizações, neste sentido, legou aos seres humanos uma série de normas, regras, princípios, enfim, leis que atuam como diretrizes eternas e que determinam valores à existência humana. E o trabalho ou a prática deste, tem sido o fator decisivo para o enriquecimento e progresso de uma civilização. Mesmo que esta riqueza se limite a pequenos grupos ou percentuais ínfimos da população que o compõe. 

            As mudanças dos meios e modos de produção ao longo da história, refletem a evolução do trabalho e consequentemente, as relações que o trabalhador mantém com este e seus frutos. Sabemos que a "linha de produção", substituta da artesanato e da manufatura, além de promover o fracionamento do exercício, deslegitimou o ofício ou a qualificação do trabalhador à medida em que este se submete a prática repetitiva e desprovida de sentido, pois não demanda na maioria dos casos, conhecimento especializado. Afinal, nos "tempos modernos", basta apertar um parafuso inúmeras vezes, ou operar uma máquina que faz em tempo menor uma quantidade infinitamente maior que um trabalhador artesanal seria capaz de fazê-lo. 

          Não obstante a separação do trabalhador de sua família, a perda da gerência do seu próprio tempo e a submissão ao tempo da produção, são fatores que exercem na vida de cada trabalhador, influências degenerativas em todos os aspectos, pois as horas de trabalho não são definidas considerando sua existência, sua fragilidade e vulnerabilidade humana. Ao contrário, são definidas considerando o número produtivo absoluto, de modo que, quanto maior, melhor para o dono dos meios de produção. 

         Neste contexto, surge no Brasil o debate a respeito da escala de trabalho. Na realidade, além do debate, um projeto encabeçado pelo PSOL - Partido Solidariedade, de orientação ideológica de esquerda, o qual compõe a base do governo. Na proposta, pedem  o fim da jornada 6x1 e para tanto, esmiúça os prós produtivos em detrimento aos contras que estes "prós" refletem na vida do proletário. 

    E o debate é esfervescente. De um lado, os defensores do empresariado, que só enxergam prejuízo na diminuição da jornada, mesmo com estudos na área provando que tal perspectiva, em países muito mais desenvolvidos economicamente, foi bem aceita e até implementada. Do outro, estão os defensores de uma jornada humanizada, na qual o trabalhador tenha algum tempo para recompor suas energias, conviver com sua família e no sentido literal, viver. 

E os trabalhadores, de que lado estão? A verdade é que não estão. Não têm tempo para refletir sobre o assunto, precisam trabalhar para receber ao final do mês um salário que na maioria das vezes, não é o suficiente para pagar suas obrigações que os mantém vivos. 

        Na realidade, os trabalhadores do Brasil, poucas vezes se unificaram para lutar por um salário digno e quando o fizeram, não se ativeram à questão das jornadas, uma vez que esta, por imposição, se naturalizou e se constituiu como parte imutável do processo de exploração e espoliação do trabalhador em todos os aspectos, limitando sua condição humana a de um agente produtivo, ativo, mantenedor de um sistema injusto e que favorece apenas um lado: o do empregador. 

        O debate segue com deputados representantes dos mais ricos, como o menino Nicolas Ferreira,  condenando veementemente a redução da jornada e de outro, os deputados da base governista e de partidos nominados de esquerda, lutando na tribuna para provar o óbvio: a jornada é excessiva e a redução é necessária até mesmo para a economia, pois dentre as perspectivas mais otimistas, o aumento da oferta de empregos,  é uma delas.

         Quanto aos trabalhadores e eleitores, muitos abduzidos pelo fenômeno do contraditório, reforçado pelas igrejas pentecostais e neopentecostais, incrivelmente defendem as elites econômicas. Outros, sem entender absolutamente nada da questão e como se diz por aí: "a ver navios", não acompanham o debate nem expressam opiniões... e por fim, os mais antenados, desejosos de que os representantes de suas vozes consigam reduzir sua jornada e , minimizem deste modo sua luta diária e por consequência,  melhore sua perspectiva de vida. Ou seja, : "segue o baile". Aguardemos as cenas dos próximos capítulos desta novela dantesca. 


Marcia Fernandes 

Mestre em Educação e Docência - UFMG

Prof. História