Eu andei desacreditando na verdade do Cristianismo.
Como ex-católica, ex-evangélica, me transformei em uma professora de História de certo modo agnóstica. Digo de certo modo, porque nunca deixei de acreditar na existência do bem e do mal, como algo transcedente.
Acredito sim que existam tais energias e que nós, seres humanos, optamos diariamente por captar uma ou outra, mas sem que este ciclo interfira na nossa personalidade inata. Ou seja, acredito que o ser humano nasce com alguma tendência a se identificar com o bem ou com o mal e que o meio em que este é criado, ou sobrevive, o faz optar por um ou outro, com maior recorrência. E sendo assim, pessoas que praticam o mal mais vezes, sem arrependimento ou culpa, são pessoas que possuem tal energia inata. O bem pode até em determinados momentos influenciar suas ações, mas é o mal que lhe apraz. Do mesmo modo, o bem quando dá prazer e satisfação a alguém, este busca praticá-lo mais vezes e sempre que faz algo ruim, a consciência lhe cobra, pois tal energia, a do bem, é inata.
É nisto que acredito. E por muitos motivos que não vêm ao caso agora, passei a acreditar que o Cristianismo, aquele que surgiu a partir das palavras de Cristo, havia morrido com Ele na crucificação e que a partir daquele momento, tomou as rédeas de suas ideias a mentira, a maldade e o engano. A partir dali, pessoas usavam tais palavras a bel prazer e que a bondade existente em suas mensagens, transformaram-se em justificativas para o mal em certa medida, pois as igrejas se transformaram em templos de vaidade, de orgulho e vingança.
Mas hoje, dia 26 de maio de 2024, pela primeira vez em muito tempo, entendi que estou equivocada sob muitos aspectos. Não é deste modo. E chequei à esta conclusão quando ouvi um homem incrível, o Pastor Henrique Vieira, a quem sigo nas redes sociais há algum tempo, deputado federal e ativista incansável na luta contra o mal dentro do congresso e fora dele. O Pastor participou do programa do ICL, o Instituto Conhecimento Liberta... Um instituto com uma missão incrivel de levar o conhecimento genuíno àqueles que têm sede de saber. O pastor falou por uns 25 minutos e tudo o que ouvi dele, me fez chorar muito. Chorei porque me senti desnudada de minhas convicções e compreendi que o Cristianismo não está morto. O que está morto é o cristão que, perdido em seus devaneios e suas aspirações das mais vaidosas possíveis de existir, dia a dia, busca transformar o Cristianismo em algo perverso, promíscuo, leviano, sujo e homicida.
Desde que a Igreja Católica Apostólica Romana foi criada, esses seres humanos perversos em suas essências, usaram e abusaram do Cristianismo a seu bel prazer. E quando me refiro a Cristianismo, não me refiro à religião Cristã, mas sim às palavras de Jesus Cristo, o homem subversivo, amante dos perseguidos, dos injustiçados, dos pobres, dos doentes. Esses líderes religiosos e seus seguidores, recriaram um Cristianismo embasado na energia do mal. Um Cristianismo que separa, que mata, que mente, que destrói. Um Cristianismo que se alegra com a desgraça dos inimigos, que se regozija com a vingança que chama de "divina". Foi assim por mil anos, dez séculos e aí surgiu uma versão renovada que parecia trazer à tona o veradeiro cristianismo, aquele fiel às palavras de Jesus. Mas imediatamente, com o assassinato dos anabatistas, de freiras, de padres, mostrou-se como uma nova versão maléfica de uma religião que criava braços através de seus remanascentes. O braço protestante, o braço espírita racista, os braços materializados em inúmeras ideologias, teologias, dógmas...
Mas a notícia boa é que no meio disso tudo, existiram e existem os Henriques Vieiras... Pessoas de fato comprometidas com a semente do bem, com a energia do amor. E que lutam incansavelmente, por transformar o Cristianismo maléfico, em amor, em cuidado, em respeito, em testemunho de Jesus Cristo.
O Pastor Henrique, de uma simplicidade que chega a comover, é puro amor. É pura compaixão, assim como o Padre Julio Lancelotte. Ele é a prova viva de que Jesus vive. Ele não fala em prosperidade, não fala em atributos físicos, não fala em bençãos específicas. ELe fala somente em amor e de amor. Fala de Justiça, de tolerância, de perdão, de compaixão, de cuidado. E durante sua fala, pela primeira vez depois de quase duas décadas, eu consegui sentir o amor de Cristo e me identifiquei com tudo o que ele dizia e chorei. Chorei porque, infelizmente, o mal existe e continuará sua batalha. Chorei porque eu sei que não sou santa e que preciso mudar muito em mim, mas chorei porque eu sei que minha essência, minha energia é do bem.
E pela primeira vez depois de muito tempo, eu não sinto vergonha de dizer que sou cristã. Não tenho pastores, não tenho igreja e não tenho religião. Eu apenas sou cristã. EU acredito em Cristo e na mensagem que Ele e tantos outros como ELe trouxeram e foram massacrados. Acredito que Ele e tantos outros não morreram e que existem vários deles por aí, e que são meus parceiros e meus iguais.
POr fim, só posso dizer: obrigada Pastor Henrique Vieira, por trazer de volta a minha fé. Cristo está vivo. Não conseguiram matá-lo. E nunca conseguirão.
Será tempo o bastante que tenho pra viver?
Não sei, não posso saber
Quem segura o dia de amanhã na mão?
Não há quem possa acrescentar um milímetro a cada estação
Então, será tudo em vão? Banal? Sem razão?
Seria... Sim seria, se não fosse o amor
O amor cuida com carinho
Respira o outro, cria o elo
O vínculo de todas as cores
Dizem que o amor é amarelo
É certo na incerteza
Socorro no meio da correnteza
Tão simples como um grão de areia
Confunde os poderosos a cada momento
Amor é decisão, atitude
Muito mais que sentimento
Alento, fogueira, amanhecer
O amor perdoa o imperdoável
Resgata a dignidade do ser
É espiritual
Tão carnal quanto angelical
Não tá no dogma ou preso numa religião
É tão antigo quanto a eternidade
Amor é espiritualidade
Latente, potente, preto, poesia
Um ombro na noite quieta
Um colo pra começar o dia
Filho, abrace sua mãe
Pai, perdoe seu filho
Paz, é reparação
Fruto de paz
Paz não se constrói com tiro
Mas eu miro, de frente
A minha fragilidade
Eu não tenho a bolha da proteção
Queria eu guardar tudo que amo
No castelo da minha imaginação
Mas eu vejo a vida passar num instante
Será tempo o bastante que tenho pra viver?
Eu não sei, eu não posso saber
Mas enquanto houver amor, eu mudarei o curso da vida
Farei um altar pra comunhão
Nele, eu serei um com o mundo até ver
O ponto da emancipação
Porque eu descobri o segredo que me faz humano
Já não está mais perdido o elo
O amor é o segredo de tudo
E eu pinto tudo em amarelo".