É impressionante a capacidade de destruição do ser humano. Ele não se limita neste aspecto. Não há um comprometimento mínimo sequer com a possibilidade de ações voltadas ao chamado progresso com sustentabilidade.
Em época de eleições, este binômio “progresso x sustentabilidade” ganha uma luminosidade tamanha que consegue mascarar até as mais vis atitudes em pleno século XXI, de destruição, exploração irresponsável, negligência, descaso e desprezo, literalmente falando em relação ao planeta, à seus recursos naturais e principalmente, a própria vida humana.
Durante as eleições presidenciais por exemplo, nossa atual presidente, comprometeu-se a agir conforme suas próprias palavras a “aprofundar os avanços conquistados no Governo Lula na construção de um novo padrão de desenvolvimento sustentável e includente.”
A maioria do eleitorado acreditou. Mas se voltarmos a um ano atrás, em fevereiro mais precisamente, num balanço sobre os avanços do PAC, Dilma defendeu uma espécie de “construção sustentável” da Usina de Belo Monte, fazendo acreditar que seria possível construir uma usina hidrelétrica no coração da Amazônia com sustentabilidade.
Hoje, sabe-se e muito bem que isto é humanamente impossível! Pois ou sou burra demais, ou idiota demais, mas preciso entender, como é possível construir uma Usina com sustentabilidade, desviando curso de rios e deixando populações indígenas e ribeirinhas à mercê da própria sorte...se é que já tiveram ou têm alguma.
Eu fico pensando...pensando...pesquisando na net... as várias possibilidades e chego a uma conclusão que, garanto, não é só minha, mas a de 99% de qualquer ser humano normal ou pretensamente normal. Não é possível construir a Usina de Belo Monte sem destruir, sem degradar, sem dizimar, sem novamente desterrar os nativos de seus territórios já reduzidos ao máximo pela exploração do branco... e isso, os vinte anos de tentativa por parte do governo de conceder a maldita licença, pode atestar...
Mas, vamos aos fatos:a questão ambiental, é obviamente o centro do impasse... não poderia deixar de ser, pois até mesmo por parte do governo, é interessante que os brados contra a construção da Usina, pelo menos para a sociedade de um modo geral, seja focada na questão ambiental. Mas na realidade, a pior degradação, não se limita à questões ambientais, e sim sociais. Belo Monte significa praticamente a extinção de povos indígenas. Falo isto sem medo de estar sendo exagerada. Mas por que?
Simplesmente porque novamente, como que repetindo a história, para atender a necessidade do branco, a demanda por energia no caso, não se importam de desalojar de seus territórios tribos inteiras , pois as conseqüências não serão só nas áreas de alagamento, elas serão extendidas à toda a população ribeirinha com os desvios de rios da bacia do Xingu, afetando a cultura, a sociedade, a religião, a vida, a dignidade de nativos que são os verdadeiros DONOS DESTA TERRA chamada BRASIL...
Mas é muito mais cômodo restringir toda a polêmica à questões ambientais já que a sociedade branca não está nem aí pra natureza, a maioria quase absoluta, nem sequer se importa com o que está acontecendo com o planeta, com a degradação e com a possibilidade de esgotamento de recursos que são a base da vida...como a água por exemplo.
Mas em relação aos nativos, é que a porca torce o rabo. Desta vez, estão lutando há 20 anos, por seus direitos, por seus territórios, por sua cultura, por sua sociedade... coisa que não conseguiram quando o branco botou seu pezinho aqui na primeira vez...
Agora é aguardar , pra ver se com todo este discurso político de sustentabilidade, inclusão, respeito, democracia... que impera durante o período eleitoral vai ter cara de pau de destruir , de dizimar uma sociedade inteira, com sua cultura, com sua religião, seus costumes... em nome do "progresso"...como o fizeram há 500 anos...